Ouricuri-PE:Origem:divisão das terras:João Pereira Goulart

Fonte: Livro - Ouricuri:História e Genealogia (Raul Aquino, 1982)

O ano de 1839 constitui um dos marcos importantes na formação histórica de Ouricuri. Foi exatamente naquele ano em que Dra. Maria de Souza Goulart, viúva de João Pereira Goulart, firmou o documento de doação de uma faixa de terra à igreja, sob a invocação de São Sebastião, de quem era devota, terreno este onde nasceu a povoação que se transformou na cidade de Ouricuri.

Lamentavelmente a ilustre senhora Dra. Maria de Souza Goulart voltou ao Ceará , sendo acompanhada de seus filhos, desfalcando o nosso meio da família primitivamente ocupante da fazenda Tamboril, cujo chefe, o destemido João Pereira Goulart dava exemplo de que era possível lutar as vicissitudes climáticas do sertão e vir a ser, como foi, próspero pecuarista. Não dava apenas exemplo, mostrava também, dentro de um fenômeno sociológico de costumes primitivos, o homem na rude conquista da terra, portar-se com fidalguia, sem precisar matar ou escravizar seu semelhante. Foi esse espírito de pessoa socialmente bem constituída que no seu retiro de gado, o lagradouro Aricurí, um dos recantos da fazenda Tamboril, recebia cavalheirescamente os viandantes, tornando o local um bom repouso nas fatigantes travessias sertanejas de então e não se tem notícias de ter utilizado meios violentos ou anticristãos para impor seu domínio na área.

Dra. Maria Goulart, ao enviuvar, sentiu a luta do meio superior à sua condição de mulher ao perder o braço amigo e forte do marido. Vendeu sua herança e de suas duas filhas, Joaquina Reis da Roxa e Delfina Maria de Souza, ao pe. Francisco Antonio da Cunha e ao Dr. Amaro Batista Guimarães, antes porém separando a sede da fazenda que ficava com o filho Manoel de Souza Goulart e o logradouro Aricuri que doava a São Sebastião, servindo este de confluência das propriedades vendidas.

O padre Francisco Antonio da Cunha, veio a ser o maior proprietário da chamada fazenda Ouricuri e tornou-se administrador do Patrimônio de São Sebastião. A partir de 1844 este patrimônio passou a ser administrado pelo padre Francisco Pedro da Silva que vem a criar condições de nascimento da povoação, paróquia e, enfim, sendo a mola propulsora do desenvolvimento da localidade que evoluiu à atual cidade de Ouricuri, constituindo-se seu fundador.

Patrimônio de São Sebastião de Ouricuri:

Em 1842 chega a esta região o jovem sacerdote Francisco Pedro da Silva, recém-ordenado no Semanário de Olinda, nascido na cidade de Souza, Paraíba, estava sendo designado para as missões de evangelização no oeste de Pernambuco. A este padre foi entregue entre outras missões, administrar o patrimônio de São Sebastião que o faz com galhardia e despreendimento, tornando-se o fundador da cidade de Ouricuri e seu vulto mais proeminente até então.

Neste patrimônio teve início em 1847 e concluída em 1865, a Igreja Matriz de São Sebastião, cujo novenário termina em 20 de janeiro, constitui a maior comemoração religiosa da cidade e do município , o reencontro de seus filhos.