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domingo, 21 de novembro de 2010

Ouricuri-PE: As parteiras

Nomes consagrados: Angelina, Ana e mãe preta.
Parteira, parteira-prática, curiosa, comadre ou assistente, são designações que recebem as mulheres que se dedicam ao ofício de partejar.
Ouricuri, dispondo no período atual do Hospital Regional Fernando Bezerra, instalado em 1950, e da Casa de Saúde (Casa de Saúde: propriedade de Dr. Borges de Luna), teve no passado e ainda tem, suas curiosas. Dentre elas, três se destacaram, Mãe Preta, Ana Torquato e Angelina Torquato.
Mãe Preta trabalhou entre 1915 a 1930, talvez a de menor relevo. Ana, também conhecida por Aninha, dedicou-se a essa atividade de parteira, no século passado. Fez parto de todas as senhoras da localidade durante muitos anos e sem remuneração. Morreu octogenária. Quando se sentiu cansada pelo peso dos anos, chamou sua nora Angelina e lhe insistiu nesse trabalho.
Angelina era dotada de bom temperamento, coração angelical, não teve dificuldade em se adaptar ao ofício. Ao raiar do século, em 1902, Angelina Torquato, iniciava sua missão. Corajosa, de bom senso, tinha habilidade no trato com suas clientes. Tornou-se conhecida por Mãe Gilina, o que valia como uma consagração na opinião pública. Cuidava da mulher no parto, e também da criança. Quando surgia complicação, alguma doença, faltando médico, consultava o coronel Anísio Coêlho, sobre o caso. Os tempos corriam e Mãe Gilina se tornava cada vez mais credenciada, tratava a todos por compadre, comadre e meu afilhado, aos meninos que “pegava”, abençoava-os com afeto . Viu assim, as famílias crescerem sob sua ajuda. Se alguém quisesse lhe gratificar pelo trabalho executado, recebia, entretanto, não estipulava preço. Casou-se com Quirino Torquato e teve filhos. Deixava o lar enfrentando o sol e a chuva, cumprindo sua missão de parteira. Sabia que essa profissão não lhe trazia riqueza. Não era essa sua preocupação. Queria faz só o bem, ajudar aos outros, porque no seu espírito, não germinava a semente do mal. Marcaria sua existência como pessoa útil, envelheceu, envelheceu e teve de se afastar do trabalho. Continuava pobre, mas, tinha feito amigos. Procurava a quem quer que fosse e pedia dinheiro, não como mendiga, nem cobrava favores, era o tributo que a sociedade lhe fazia jus. Ninguém recusava. Muniz Falcão, ex-governador de Alagoas, nasceu sob seus cuidados. Num de seus passeios a Ouricuri, quando governador, recebeu a visita de Mãe Gilina. Ao tomar-lhe a bênção e abraçar a velhinha, foi surpreendido com um pedido singelo. _ Meu afilhado, quero um favor seu. Muniz espera que fale. _ Quero que você coloque na polícia, meu neto Abílio. Seu pedido foi atendido. Noé, seu neto, trabalhou na polícia de Alagoas. Todos a respeitavam e nunca lhe negavam favores. Sua morte com mais de 90 anos, em 1958, trouxe consternação geral da cidade. Foi levada ao cemitério por muita gente, a homenagem do povo de sua terra a essa ilustre conterrânea.

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