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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ouricuri-PE: 7º Batalhão de Voluntários da Pátria

Fonte:Lvro“Ouricuri:História e Genealogia,Raul Aquino,1982”.

" Há uma linda história de amor... onde uma moça tenta alistar-se como voluntária, se vestindo de homem, no intuito de estar ao lado do seu noivo, que pena que...é melhor lêr o artigo"!

A guerra do Paraguai rebenta em novembro de 1864 com a invasão do Estado de Mato Grosso pelos paraguaios dirigidos pelo ditador desvairado, embora bravo, general Francisco Solano Lopes, trouxe inquietação ao Imperador Pedro II. Contando com um contingente militar pequeno e a Guarda Nacional formada por pessoas despreparadas que viviam das honrarias do cargo, traziam inquietações ao Imperador que necessitava defender nosso solo invadido. Pelo decreto imperial 3371, de 7 de janeiro de 1865, cria os corpos de voluntários que seriam formados no território brasileiro congregando homem que voluntariamente se incorporariam às nossas forças armadas no teatro de guerra.

Coube ao então deputado provincial padre Francisco Pedro da Silva , a incumbência de reunir em Ouricuri, pessoal para defender o Brasil na guerra contra o Paraguai. O decreto de convocação foi divulgado amplamente nos sertões de Pernambuco e Piauí. Aberto o alistamento militar, foram inscritos 408 homens.

Durante o alistamento apareceu como voluntária, uma moça de nome Jovita Alves Feitosa, cearense de Inhamuns que vivia entre parentes na fronteira de Pernambuco com Piauí. Na vila de Barra de São Pedro se encontra a família de Cirilo Alves Feitosa, oficial do registro civil, parente próximo de Jovita. Não era possível alistá-la por ser mulher, embora insistisse, em trajes masculinos, amassava os seios, mas , o disfarce não lhe dava condição, era conhecida na área e como tal, foi rejeitada. Queria acompanhar seu noivo alistado em Ouricuri, combater lada a lado com ele que lhe pedia para aguardar sua volta quando se casariam . Jovita não podendo seguir através de Ouricuri, foi para Teresina se integrar aos voluntários de lá. Gustavo Barroso em “A Margem da História do Ceará” – Imprensa Universitária do Ceará, 1962 página 262, conta que Jovita nasceu a 8 de março de 1848, na povoação de Brejo Seco, sertão de Inhamuns, aos 12 abis de idade perdeu sua mãe na epidemia de cólera que ingressou em 1860, no Nordeste, indo então residir com o tio chamado Rogério, em Jaicós, Piauí nas fronteiras de Pernambuco, deixou a cãs do tio e viajou 70 léguas a pé até Teresina, vestida de homem, cabelos cortados ao sistema masculino e cobrindo a cabeça com um chapéu de couro, de vaqueiro. Alistou-se como voluntária da pátria , tinha 18 anos de idade, feições de índio e falar desassombrado . Algumas pessoas, porém, notaram e ficaram prevenidas sobre os sinais característicos do jovem voluntário que mais indicavam ser uma mulher do que um homem e avisaram ao Dr. Freitas, chefe de polícia que interrogou no dia 16 de setembro de 1865 o suposto voluntário, dizendo chamar-se Antônia Alves Feitosa. Jovita era apelido caseiro. Veio de Jacós e companhia dos voluntários conduzidos pelo capitão Cordeiro, com o único fim de ver se podia ser aceita para a Guerra do Paraguai. Tomara a roupa de homem por lhe dizerem que, como mulher não seria aceita no exército.

Foi identificada na feira de Teresina por outra mulher que notara suas orelhas furadas e apalpara seus seios, apesar de sua oposição. Essa mulher, também avisara à polícia. Não era possível se alistar, entretando diante de sua insistência, foi feito requerimento aos superiores hierárquicos e Jovita assenta praça se exercita recebendo as divisas de 1º sargento e se apresentava nas ruas de Teresina de túnica e saiote. Em companhia de 460 voluntários, embarca a 10 de agosto de 1865 para o Rio de Janeiro aí chegando no dia 9 do mês seguinte, pelo navio Tocantis.

Contudo, por forças maiores, ela não foi aceita, retornando à Jaicós, demorou algum tempo até ser informada da morte do seu noivo quando resolveu votar ao Rio de Janeiro onde, no anonimato terminou seus dias. Ofereceu uma fotografia sua em trajes militares ao comandante do 7º Batalhão de Voluntários de Ouricuri, coronel Felipe Coêlho Rodrigues. Essa fotografia foi guardada pelo seu filho Anísio Coêlho Rodrigeus que a mantinha no seu álbum, cedeu a um amigo para tirar cópias e nunca mais recebeu de volta.

Dos 408 integrantes, pouco mais de 40 retornaram ao torrão natal entre estes, vários mutilados. Os outros, cerca de 368 ficaram no túmulo do soldado desconhecido, mortos em combate ou atingidos pelo cólera que grassara nas tropas provocando grandes baixas.

Com a volta dos nossos heróis a Ouricuri, ao passarem pelo Rio de Janeiro, Dr.Pedro II entrega ao comandante, tenente-coronel Felipe, a bandeira do nosso batalhão, na qual fora bem bordada a seguinte inscrição: “7º batalhão de voluntários da Pátria de Ouricuri”. Essa bandeira, homenagem ao nosso município foi depositada no altar de São Sebastião, de nossa Igreja Matriz, guardada por muito tempo pelo vigário comendador Francisco Pedro, após sua morte pelo coronel Anísio Coêlho.Essa bandeira por intermédio do Mário Melo, convencendo o interventor Carlos de Lima Cavalcanti a enviá-la ao Museu do Estado onde se encontra como relíquia histórica. Bandeira essa, um patrimônio da Igreja Matriz de Ouricuri, infelizmente, sendo exposta no Museu do Estado de Pernambuco, única do gênero!

Coloquem seus comentários!

18 comentários:

Preguiça alheia disse...

Não conhecia esta historia.. mais gostei!

Acho que ela, a bandeira, esta no museu para ter uma maior visibilidade! Sei la..rs..

Abraço,
P.A.
_______________________________
www.preguicaalheia.blogspot.com

Maria Adeladia disse...

Pode ser!
Obrigada pelo comentário!

Anônimo disse...

EU OUVI FALAR QUE OS VOLUNTÁRIOS FORAM ENGANADOS PELO PADRE. PENSARAM QUE IAM TRABALHAR EM RECIFE E SE ARROMBARAM...KKKKKKKKKKKKKKKK...

Gabriel Araujo disse...

Meu Tio Tasso é Sobrinho de Felipe Coelho, Primo de Padre Francisco Pedro da Silva Fundador de Ouricuri .
Eu Sou descendente meu Trisaavô - Coronel Tenente Alvaro Ernesto Carvalho Granja !

Maria Adeladia disse...

Gabriel Araújo, que coisa boa saber das nossas origens, hein? Parabéns!!! Seja sempre bem vindo e obrigada por seguir este blog

Gabriel Araujo disse...

Obrigado Maria Adeladia !

Maria Adeladia disse...

Gabriel Araújo, não há de que!! Sua presença é sempre enriquecedora.Abraços e volte mais vezes!

Maria Adeladia disse...

Gabriel Araújo, vi sua página, mas só visualizei os blogs que vc segue. Qual é o seu blog? Gostaria de segui-lo também, caso tenha um blog.

Antonio Menezes da Cruz disse...

Sou Cel. da Reserva da PMPE e servi em Ouricuri como Capitão.Era uma Companhia e fui seu Comandante.Sai do Comando e fui trabalhar em Petrolina, no 5º Batalhão. Pouco tempo após ir para Petrolina, a Companhia de Ouricuri foi transformada em Batalhão que recebeu o nome 7º Batalhão de Voluntários da Pátria.Naquele ano, se não me engano 1984/5,O Comandante Geral da PMPE, Nelson Lucena de Oliveira, era amigo do Deputado Felipe Coelho, o Tigre do Araripe, e quis fazer uma homenagem a ele Deputado e ao seu pai Felipe Coelho Rodrigues que comandou ajudou a organizar e comandou o 7º Batalhão de Voluntários da Pátria. O Padre Francisco Pedro foi a figura incumbida de fazer o recrutamento e organização inicial do Batalhão.Eu era, no 7º Batalhão de Voluntários da Pátria, o Ajudante Secretário que é encarregado de toda documentação interna e externa da unidade, inclusive, do histórico. Como não havia histórico por ser nova a unidade, fui designado para fazer o histórico e a canção do Batalhão, trabalhos que me renderam um elogio profissional, que me foi dado pelo então Comandante Ten.Cel.PM Antenor de Araújo Sobrinho. 408 homens entre Oficiais e Praças compunham o efetivo do 7º Batalhão de Voluntários da Pátria. Marcharam de Ouricuri, a pé, e vieram acampar no Bairro da Madalena, em Recife, antes de embarcarem de Vapor para a Guerra. Só voltaram pouco mais de 40, a maioria mutilados. Ao passarem pelo Rio de Janeiro, seu Comandante Felipe Coelho Rodrigues, Capitão da 4ª Companhia de Cavalaria da Guarda Nacional e CComissionado no Posto de Ten. Cel, recebeu das mãos do Imperador Pedro II a insígnia do Batalhão bordada em ouro. Uma história belíssima e que tenho orgulho de ter participado, de certo modo, de sua parte final que foi contar sua história, uma verdadeira epopeia. Meu e-mail para quem queira manter algum contato: amenezes02@hotmail.com

Antonio Menezes da Cruz disse...

Fazendo uma pequena correção ao comentário que fiz: Felipe Coelho Rodrigues era, na verdade, avô de Felipe Coelho, Deputado Estadual.

Adeladia Lins disse...

Antonio Menezes, obrigada por interagir por aqui...!Muito bom saber que vc fez parte dessa história tão bela, que e a história de Ouricuri! Volte sempre e muito obrigada!!!

Rosabgela Pereira da Silva disse...

Boa noite!Que bom esse blog tambem pode ajudar os professores de Ouricuri.

Maria Adeladia disse...

É um prazer poder ajudar, Rosabgela Pereira. Volte sempre!

Unknown disse...

Moro no Mato Grosso , Cuiabá, e descobri recentemente que meu bisavô lutou na Guerra do Paraguai, proveniente de Pernambuco. Fim da guerra casou -se com a bisavó ( Paraguaia ) e por aqui ficou .Não se tem muita informação sobre a cidade exata de sua origem . A família, por muito tempo deixou no esquecimento as informações, coisa da Guerra , assunto " proibido ".Será que teriam os nomes dos ex-combatentes em algum arquivo da cidade ?

Anônimo disse...

Já estudei a história dele

Anônimo disse...

Existe ainda os nomes dessas pessoas que se alistaram para ir para a guerra do Paraguai? Onde conseguir?

Anônimo disse...

Como era o no.e dele?

Anônimo disse...

Qual o sobrenome do seu bisavô?

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